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Voto: querer ou dever?


O blog Culturítica quer que você leitor seja mais consciente como cidadão. Para isso é preciso que você esteja a par de conceitos e temas políticos.

Hoje, selecionei dois artigos e um blog que falam sobre política e que podem contribuir para seu conhecimento político.

De início, os artigos falam sobre voto obrigatório, uma questão bem polêmica na democracia brasileira. Como podemos exercer a democracia de forma correta, se somos obrigados a votar? Um tema que dá o que falar.

Voto obrigatório e eqüidade um estudo de caso, artigo da Professora Luzia Helena Herrmann de Oliveira.

O voto obrigatório, de Jean-Philip Albert Struck.

O blog Boa Política, faz uma cobertura interessante de fatos políticos, com uma opinião marcante sobre os temas. Vale conferir.

Ainda falando de voto obrigatório, o Boa Política destaca um acontecimento importante e recente:

"No fim do mês passado, em Brasília, em um debate chamado Democracia: Voto Obrigatório ou Voto Facultativo, apenas a jornalista Dora Kramer se manifestou pelo voto facultativo. Alexandre Garcia, José Geraldo de Souza Júnior (Reitor UnB), Roberto Monteiro Gurgel Santos (Procurador-Geral da República) e Aristides Junqueira Alvarenga (procurador) apoiaram o voto obrigatório acompanhado de uma política de educação cívica direcionada aos eleitores (aqui vale uma nota: se não conseguimos sequer educar, a quem queremos enganar que vamos educar civicamente?)"

Curioso. Poucos defendem o voto facultativo e vale lembrar que nos EUA o voto não é obrigatório e milhares de pessoas vão para as urnas por boa vontade ou por gostarem das propostas dos candidatos. O voto facultativo, então, faz com que os políticos sejam mais comprometidos com suas campanhas e promessas.

Deixe sua opinião sobre o voto obrigatório, comente!
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Um olhar sobre a cultura erudita e a cultura popular


Define-se como cultura erudita toda proposta que esteja inclusa em um contexto elitista dotado de domínio econômico, político e cultural. Tal característica aponta para uma esfera social em que se destaca o conhecimento baseado em pesquisas científicas, estudos universitários e livros, o que exige um prévio e vasto repertório para aquele que produz visando à arte erudita. Essas produções se destacam ao trazer como objetivo a revolução de uma ideia, buscando grandes públicos e exposições que, geralmente, ocorrem dentro de museus. Há nesse meio, uma pré-definição de conceitos, que são utilizados para definir e analisar propostas artísticas dentro de um contexto social específico.

A cultura popular, por sua vez, não está veiculada ao conhecimento científico, mas sim ao conhecimento espontâneo que trata mais diretamente o que é subjetivo, portanto busca suas raízes em tradições culturais. Desta forma, o produtor dessa cultura, consequentemente, é o povo, as classes dominadas e excluídas da elite. A arte popular busca focar seu olhar no rotineiro, no local e naqueles acontecimentos que o afetam diretamente. É o próximo que o convida a criar.

Os dois tipos de produção cultural estão diferenciados perante uma sociedade, para a qual a cultura erudita é apresentada em ambientes institucionais e dessa forma é creditada por uma posição superior. Já a cultura popular, mesmo apesar de reconhecida em seus meios, não trabalha com a consciência de seus produtores, que a erguem, mas não a nomeiam como cultura.
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A relação entre a Blogosfera e o Campo Jornalístico

O Culturítica analisou o artigo “Blogosfera x Campo Jornalístico: aproximação e conseqüências”, do livro “Blogs.com: estudos sobre blogs e comunicação”, de Adriana Amaral, Raquel Recuero e Sandra Portella.

O artigo diz respeito a weblogs, um assunto que vem ganhando espaço entre internautas, como e quando passaram a ter relevância jornalística e a entrada e a interferência no Jornalismo.

A importância de weblogs, de acordo com Leonardo Foletto, começou a partir dos atentados de 11 de setembro às Torres Gêmeas World Trade Center, em Nova Iorque. Pessoas de outras localidades buscavam informações que a mídia tradicional não expunha ou não tinha apurado num curto espaço de tempo. Os weblogs passaram a invadir o campo jornalístico, pois blogueiros próximos ao local do ataque jogavam na rede atualizações constantes mais rápido que a mídia tradicional e sem a preocupação de relevância geral. Conseguiram status também com os warblogs, blogs destinados somente a publicação sobre guerras, depoimentos do dia-a-dia de quem estava presente nelas. A Guerra do Iraque era o foco. O destaque era a forma como personalizavam a situação, fugindo da objetividade e impessoalidade as quais o Jornalismo adota.

Esse foi o ponto em que os weblogs passaram a fazer parte do Jornalismo Digital.

Uma discussão foi iniciada: os blogs poderiam praticar Jornalismo? A questão era principalmente pelos blogs não seguirem as normas e procedimentos adotados pelo Jornalismo e se as informações ali publicadas eram de real valor. Os blogs poderiam expor os pontos fracos do Jornalismo, uma vez que qualquer pessoa poderia fazer e manter um blog, de um lugar aleatório e com assuntos diversos, não focando em algum retorno financeiro ou popular.

Deduzimos, assim como a própria conclusão do artigo, que, apesar de serem mostradas separadamente, essas diretrizes tem o mesmo objetivo: buscar uma maior interação entre os diferentes agentes de uma sociedade para tornar o Jornalismo mais articulado. Os comentários sobre fazer um Jornalismo mais aprofundado para uma sociedade complexa se equilibram no conceito de que o público não é mais apenas um consumidor, ele passa a ser participante desse sistema.

Essa transformação se dá diante das necessidades de um público que aprendeu a interferir na propagação das novas mídias digitais, com o intuito de se reconhecer como parte essencial, nesse processo da produção e consumo de informações. Podemos dizer então, que na contramão das consequências negativas de uma participação pouco seletiva, observa-se o resultado positivo quando a notícia passa a ser um bem indiscriminado, característica determinante para indagar o interesse coletivo, em um contexto democrático da informação.
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Cultura e Política exercem influências


Hoje falarei em que ponto a Cultura influencia a Política e vice-versa. Um exemplo bem claro é a MPB, Música Popular Brasileira, que se desenvolveu a passos largos durante o período de repressão da ditadura militar brasileira.
Diversos artistas e compositores escreviam e faziam sua arte como forma de combater o regime. Eram letras de músicas repletas de significados 'ocultos' para driblar a censura. Neste ponto, a cultura da música popular era afetada por questões políticas, que tomavam conta do país. De forma semelhante, esta mesma política modificava a música, que se adaptava para não ser percebida como protesto. Interessante, não?

Grandes artistas como Gilberto Gil, Caetano Veloso, Chico Buarque e Geraldo Vandré fizeram parte de movimentos de esquerda, contribuindo com sua arte e entrando para a História.


O golpe militar que começou em 1964 e durou 21 anos, agia com repressões políticas, prisões, torturas e exílio aos artistas e políticos da época que eram contra o regime ou a favor do comunismo. A classe média, a igreja, os EUA e as elites dominantes apoiavam o regime por temerem o comunismo, quando na verdade deveriam temer quem estava no poder.

Como exemplo, colocarei a letra desta música feita como protesto e que denunciava a inversão de valores entre policiais e ladrões. Ao fim, a explicação é feita por Cylene Dworzak Dalbon, Jornalista.

(Julinho de Adelaide / Leonel Paiva - 1974)

Intérprete: Chico Buarque
Acorda amor

Eu tive um pesadelo agora

Sonhei que tinha gente lá fora

Batendo no portão, que aflição

Era a dura, numa muito escura viatura

minha nossa santa criatura

chame, chame, chame, chame o ladrão

Acorda amor

Não é mais pesadelo nada

Tem gente já no vão da escada

fazendo confusão, que aflição

São os homens, e eu aqui parado de pijama

eu não gosto de passar vexame

chame, chame, chame, chame o ladrão

Se eu demorar uns meses convém às vezes você sofrer

Mas depois de um ano eu não vindo

Ponha roupa de domingo e pode me esquecer

Acorda amor

que o bicho é bravo e não sossega

se você corre o bicho pega

se fica não sei não

Atenção, não demora

dia desses chega sua hora

não discuta à toa, não reclame

chame, clame, clame, chame o ladrão

Histórico:
Após as canções “Cálice” e “Apesar de Você” terem sido censuradas pelo sistema repressivo, Chico Buarque achou que seria mais difícil conseguir aprovar alguma música sua pelos agentes da censura. Escreveu então “Acorda Amor” com o pseudônimo de Julinho de Adelaide para driblar a censura. Como ele esperava, a música passou. Julinho ainda escreveria mais 2 músicas antes de uma reportagem especial do Jornal do Brasil sobre censura, que denunciou o personagem de Chico. Após esta revelação, os censores passaram a exigir que as músicas enviadas para aprovação deveriam ser acompanhadas de documentos dos compositores

Acorda Amor é um retrato fiel aos fatos ocorridos no período que teve seu ápice entre 1968 (logo após a decretação do AI-05) e 1976 quando, teoricamente, a tortura já não era mais praticada pelos militares. Diversas pessoas sumiram durante este período após terem sido arrancadas de suas casas a qualquer hora do dia ou da noite, e levadas para DOPS e DOI-CODI´s espalhados pelo Brasil. A falta de confiança era tão grande que as pessoas tinham mais medo dos policiais (que seqüestravam, torturavam, matavam e, muitas vezes sumiam com corpos) do que de ladrões. A ironia do compositor é tão grande que, quando os agentes da repressão chegam a casa chamam-se os ladrões para que sejam socorridos.




Enfim, este é somente um exemplo de como a Cultura influencia e influenciou a Política e vice-versa.

Se quiser entender um pouco mais sobre cultura e ditadura,
clique aqui, aqui e aqui.